quinta-feira, 8 de junho de 2017

Um dia pode fazer a diferença

O dia 15 de Julho ganhará outro significado depois que você ler esse livro

"But I'm in so deep
You know I'm such a fool for you
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha
Do you have to let it linger?
Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?"
- Linger; The Cranberries



Você já teve aquele amigo que sempre foi mais que um amigo? Aquela paixãozinha que não passava depois do tempo estipulado, aquela coisa que deixa sempre com um gostinho de quero mais. Aquelas conversas gostosas e às vezes sem sentido que fazem a gente pensar no sentido da vida, e no motivo de estarmos aqui. Tudo, tudo que envolve aquela pessoa, a partir do momento que você percebe o sentimento que nutre por ela, fica diferente. A vida passa a ter mais cor, e o motivo de se estar junto passa a ser mais que só pela companhia; é pela vontade de fazer aquilo dar certo, apesar do medo constante que te persegue e te assombra por todos os dias. Até você desistir.

Emma Morley conhece Dexter Maythew em 15 de julho de 1988, o dia de formatura dos dois. Ambos muito bêbados e um pouco alterados, acabam se atracando aos beijos, e ele a leva para a casa dela, pronto para mais uma conquista perfeita, mas… Emma não é como as outras mulheres. Ela é diferente, apesar dele alegar que ela era só mais uma de outras tantas que ele já tinha ficado com.

“Já tinha visto muitos quartos como aquele nesses últimos quatro anos, espalhados pela cidade como a cena de um crime, quartos onde nunca se estava a mais de dois metros de um disco da Nina Simone. Embora raramente tivesse visitado duas vezes o mesmo quarto, tudo era muito familiar” - Capítulo 1: O futuro - p.18.


David Nicholls consegue, com este romance passado em Londres, ambientado entre os anos de 1988 e 2007, contar uma história repleta de amor e cativante. Narrada em terceira pessoa, a história de Emma e Dexter - ou para os íntimos, Em e Dex - é diferente por ser contada por anos. O livro é dividido em cinco partes, e essas partes indicam o que cada personagem passará por, em um período de sua vida, e é preciso prestar atenção nas entrelinhas, e entender porque o dia 15 de julho é tão importante para eles - o que não é tão difícil.

“Se chover no dia de São Swithin, por quarenta dias permanecerá assim”

Dividindo os pontos de vista, Nicholls brinca um pouco com a mente de seus leitores, colocando sempre o casal sempre longe um do outro - por duas décadas inteiras! -, fazendo com que você torça para que os dois fiquem juntos de uma maneira tão angustiante que chega a te dar vontade de jogar o livro pela janela - apesar de ser difícil largar, ainda mais depois do episódio da tão famigerada carta da Tailândia.

“Se eu pudesse te dar um presente para o resto da sua vida, seria este: o presente da confiança. Ou isso, ou uma vela perfumada”


 O que faz desta obra tão cativante e boa, é a humanização de seus personagens. Eles erram e acertam na mesma proporção que pessoas reais, e isso faz com que você torça por eles, e acredite neles, pois você crê que eles possam ser reais, e não seres imaculados e perfeitos que não possuem problemas em seus relacionamentos ou vidas pessoais. Tirando um pouco do cliché de uma mocinha bonita com baixa autoestima se apaixonar pelo garanhão bonitão da faculdade que só quer saber de curtir a vida, o livro funciona bem.

O filme de 2011, estrelado pelos atores Anne Hathaway (O Diabo Veste Prata e Os Miseráveis) e Jim Strugess (Quebrando a Banca e Across The Universe) foi um grande sucesso na época, trazendo para as telonas a obra homônima de 2009. As diferenças entre os acontecimentos do livro e do filme são muito sutis, e é possível dizer que ambas as obras são complementares, pois são bem similares.


 Apesar da angústia de não ver os personagens junto ao longo do livro, a química entre eles é inegável, e o flashback da cena final, faz com que toda a jornada valha a pena - e o mesmo vale para o filme, que segue meio morno até a metade de seu segundo ato, explodindo de emoções fortíssimas até o final.

Um Dia é um livro intrigante, com um final um pouco cliché para os livros de romance, mas que vale a pena a leitura pela boa escrita e pelo enredo bem amarrado e com poucas pontas soltas que o autor proporciona.

A obra contém 416 páginas, pertence ao gênero de ficção/romance, e pode custar R$ 39,90 o livro físico, ou R$ 24,90 a mídia virtual, segundo o site da editora Intrínseca.

“Eles falavam muito pouco do que sentiam um pelo outro: não havia necessidade de frases bonitas e pequenas atenções entre amigos tão experientes” - Thomas Hardy - Far From The Madding Crowd - parte quatro do livro Um Dia.

Um comentário:

  1. Aaaaa amei a resenha! Me deu muita vontade de ler, quem sabe não dou uma chance <3 parabéns, gabi

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